A pubalgia foi inicialmente descrita na literatura Inglesa em 1924 por Beer, em um paciente pós-operatório de cirurgia suprapúbica. Em que primeiramente era considerada como uma complicação pós-operatória de procedimentos urológicos; depois foi descrita após traumas, atividades atléticas, gravidez e também foi
associada às desordens reumatológicas. Atualmente, segundo Andrews e Carek (1998) a pubalgia é considerada uma desordem inflamatória comum na sínfise púbica, sendo uma inflamação autolimitante secundária a um trauma, cirurgia pélvica, parto ou uso excessivo, e que pode ser encontrada em qualquer pessoa.
Em atletas a pubalgia crônica é uma lesão de esforço repetitivo causada pelo excesso de uso no esporte (overuse), sendo observada em várias modalidades desportivas, mas ocorrendo com maior frequência em jogadores de futebol. Estes atletas são submetidos a um grande número de jogos e treinos, não havendo muitas vezes um tempo necessário para o repouso ou para um programa adequado de exercícios de alongamentos, o que predispõe o seu aparecimento. Desta maneira, A falta ou a inadequada execução de alongamento da musculatura responsável pela síndrome dolorosa (adutora da coxa: principalmente o músculo adutor longo), somado ao excesso de exercícios abdom inais que esses atletas realizam, podem causar desequilíbrio muscular na sínfise púbica e consequentemente o surgimento da pubalgia.
A pubalgia em sua forma crônica manifesta-se por uma dor bem localizada na sínfise púbica, geralmente associada a uma prática desportiva intensa podendo irradiar-se para a face medial da coxa. É possível ocorrer ainda dor na inserção dos retos abdominais.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Pode ser demorado em virtude ao grande número de patologias que acometem a região do quadril, o que pode mascarar os sintomas da pubalgia e retardar o diagnóstico preciso e consequentemente o tratamento.
Confirmado o diagnóstico, o tratamento fisioterapêutico inicia-se após completa avaliação do paciente para que sejam detectados os desequilíbrios musculoesqueléticos e a partir daí se elaborar um programa adequado de tratamento.
TRATAMENTO
De acordo com Holt et al. (1995), o tratamento mais apropriado para esta condição inclui: o afastamento imediato da atividade física, uso de medicamentos anti-inflamatórios e alongamentos suaves o mais precoce possível. O tratamento ideal é multidisciplinar, em que o médico diagnostica e prescreve os medicamentos;
o fisioterapeuta elabora um programa adequado de reabilitação e o preparador físico atua na perpetuação dos resultados obtidos, sendo que o tratamento preventivo é a melhor opção. Assim é dada a maior importância de um programa adequado de exercícios de alongamentos suaves e prolongados, antes e depois dos jogos e/ou treinos.
A fase de reabilitação pode ser dividida em aguda; fase de reabilitação, em que se inicia o treinamento aeróbio, fortalecimento dos grupos musculares e os alongamentos; e por último, a fase de retorno ao esporte, a qual se trabalha a propriocepção específica, e dependendo da evolução, o retorno total ao esporte.
O tratamento clínico inicialmente está baseado no repouso e nas medidas
para a redução do quadro álgico, sendo que, às vezes, diminuindo a quantidade de
treinamentos, os sintomas já aliviam, podendo gerar ao atleta uma falsa ideia que
está curando-se sozinho, o que pode iludir e provocar o seu retorno a atividade
física, piorando os sintomas.
O objetivo do tratamento é conseguir recuperar a qualidade de alongamento dos músculos encurtados e reforçar seus tendões e pontos de inserção; e o sucesso do tratamento está na postura prolongada, pois os músculos em tensão durante alguns minutos de forma constante, entram em fadiga e abandonam sua tensão
excessiva, aí a bainha do músculo, a partir deste momento, pode ser alongada e o músculo recupera seu comprimento.
Além da eletrotermofototerapia e hidroterapia, o tratamento vai de encontro à reeducação do equilíbrio proprioceptivo muscular por meio de métodos como RPG, terapia manual, Isostreching de Busquet, massagens, correção (quando necessário) das alterações biomecânicas do atleta e da técnica esportiva e outros. Canavan (2001) recomenda inicialmente o alongamento indolor da musculatura adutora, à medida que a dor diminui, pode-se adicionar um programa com bicicleta estacionária.
Programa de alongamentos:
- Postura de cadeia posterior
Coloca-se o paciente em decúbito dorsal com os membros inferiores elevados, quadril e pés (flexão dorsal) a 90º de flexão, e queixo para dentro. A coluna lombar e quadril devem estar bem-assentados e alinhados, joelhos bem esticados e, o arco plantar deve ser corrigido pela flexão dos dedos. Esta postura deve ser mantida inicialmente durante 5 minutos, progredindo para 10 minutos diariamente durante a noite.
- Postura de adutores
O paciente deve estar sentado, membros inferiores estendidos, braço repousando sobre um banco ou mesa e o pac iente executa a abdução do membro apoiado, inicialmente contralateral à dor. O paciente deve manter a sua postura, bem ereta, e regular a tensão dos adutores movendo o joelho para dento ou para fora. A
postura deverá ser mantida por 3 a 4 minutos de cada lado.
-Postura dos abdominais
O paciente deita-se em decúbito dorsal, com os membros inferiores esticados e com apoio dos calcanhares, com as mãos atrás da cabeça, em seguida eleva o membro cerca de 10 a 15 cm. O paciente mantém a postura o máximo que puder.
Busquet (1985) relata que os exercícios devem ser realizados preferencialmente no período da noite ou após os treinos, pois quando realizados de manhã, ou antes, dos treinos o atleta irá se cansar. E enquanto persistirem os sintomas dolorosos (em razão às fortes retrações), os exercícios deverão ser realizados diariamente. Em seguida três vezes por semana e depois duas vezes, durante a fase de manutenção.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário